Dinamismos psicopatológicos envolvidos em um caso de Psicose Diatética. Discussão patogenética e implicações terapêuticas.

Dinamismos psicopatológicos envolvidos em um caso de Psicose Diatética. Discussão patogenética e implicações terapêuticas¹.

Francisco Drumond de Moura, Ruy Mendes, Ricardo Vainer, Nobusou Oki
Departamento de Psiquiatria, Faculdade de Medicina de Jundiaí

A aplicação do critério patogênico, na investigação dos dinamismos psicopatológicos peculiares aos diversos quadros clínicos, além de conduzir ao diagnóstico mais preciso permite, principalmente, estabelecer o prognóstico e a conduta terapêutica. Isso porque, segundo a orientação que seguimos, os dinamismos psicopatológicos assim estudados, revelam por um lado, os diferentes dinamismos genéticos em jogo e, de outro, a participação dos sistemas cerebrais funcionalmente alterados. Dessa maneira, podemos individualizar não apenas a participação genética na configuração de um quadro clínico, como também, a sua participação na determinação de traços de personalidade e, eventualmente, outros tipos de condição, transitória ou permanente. É o que procuramos demonstrar neste caso. Trata-se de um paciente internado há 3 meses em clínica de agudos do Hospital do Juqueri. Na admissão, o paciente apresentava: excitação psíquica, liberação e dificuldade de manter o trabalho mental, liberação da ação explícita, atos compulsivos e incapacidade de manter a atenção. Como elemento transitório, apresentou iteração ao nível da expressão verbal. Na anamnese foram apurados  os seguintes traços de personalidade: hiperemotividade, cerimoniosidade, obsessividade e expansividade. Na evolução do quadro apresentou nítica reação neurótica obsessivo-compulsiva, que foi confirmada no psicodiagnóstico de Rorschach. Pregressamente, tinha apresentado episódio de liberação instintiva, de caráter impulsivo. Os dados heredológicos revelaram a incidência de traços de personalidade semelhantes nos familiares. Igualmente foi constatado em dois familiares a ocorrência de surto psicótico benigno. Havia marcante tendência genética familiar para a epilepsia. Pelo paciente, patogênicamente, traduzia O quadro psicótico apresentado pelo paciente, patogênicamente, traduzia a alteração intrínseca da atividade – no sentido de esfera da personalidade, na acepção de Comte -, o quadro obsessivo-compulsivo também dependeu de alteração conativa. No estado psicótico ocorreu uma acentuação de seus traços de personalidade. 

¹ Trabalho apresentado na Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência -SBPC -, Fortaleza, Ceará, julho de 1979.