PRINCÍPIOS DA PESQUISA NEUROPATOLÓGICA DOS DINAMISMOS PSICOPATOLÓGICOS

PRINCÍPIOS DA PESQUISA NEUROPATOLÓGICA DOS DINAMISMOS PSICOPATOLÓGICOS1

Francisco Drumond Marcondes de Moura,
Marco Marcondes de Moura e Marisa Marcondes de Moura
Hospital Psiquiátrico de Juquery, Franco da Rocha, SP

Visando estabelecer a correlação de sintomas psiquiátricos com zonas corticais atingidas, de pacientes com neurossífilis, uma questão fundamental foi levantada: era necessário subordinar a pesquisa neuropatológica à pesquisa e sistematização prévia dos aspectos clínicos de cada paciente. Em uma palavra: subordinar o estudo do cérebro ao estudo do paciente. Estabelecido assim, a partir dos dados clínicos, a hipótese “localizatória” para cada caso proceder-se-ia as investigações do tecido nervoso – quanto a distribuição topográfica das lesões e quanto à mielo arquitetura das áreas atingidas. Esse procedimento – que pode ser aplicado no estudo da patogênese cerebral de qualquer grupo de doentes mentais – impõe que sejam caracterizadas aquelas funções elementares de cuja alteração funcional depende a patogênese dos sintomas estudados. Como raríssimas vezes um sintoma atinge uma única função elementar temos que, em regra, os sintomas psiquiátricos traduzem dinamismo funcional com a participação de conjunto de funções elementares (Silveira). Assim, aspectos como memória, orientação subjetiva, concepções, consciência, que frequentemente são confundidos com funções psíquicas, constituem dinamismos complexos que implicam no funcionamento integrado de todas as funções corticais superiores. Em 7 pacientes selecionados para o estudo do cérebro procedemos à análise dos seus sintomas – que foram agrupados segundo a ordem de frequência (Quadro 1), e segundo a patogênese cerebral presumível (Quadro 2).  Nos 7 casos predominou o quadro de tipo intelectual – por alteração intrínseca dos campos corticais frontais e por alterações secundárias aos campos parieto-temporais. As funções elementares intelectuais mais frequentemente atingidas foram a observação concreta (desorientação no lugar) e elaboração indutiva (incoerências e fabulações).

  1. Trabalho apresentado na 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência -SBPC -, Campinas, São Paulo, julho de 1982 ↩︎