Distribuição de tipos sanguíneos em esquizofrênicos: correlação com a patogênese do quadro clínico.

Distribuição de tipos sanguíneos em esquizofrênicos: correlação com a patogênese do quadro clínico¹.

Francisco Drumond Marcondes de Moura, Naoko Kwahata, José do Prado e Cláudia Paschoarelli
Hospital Psiquiátrico de Juquery, Franco da Rocha, SP

A patogênese dos diversos casos esquizofrênicos decorre de dinamismo genético. É o que ficou bem claro nas pesquisas heredológicas de Kleist e colaboradores na Alemanha e, em nosso meio, nos estudos de Aníbal Silveira – a partir de dados coligidos dentre 10.876 as anamneses heredológicas. Segundo a sistematização adotada por Silveira, o colorido clínico das diversas formas de esquizofrenia depende da alteração de diversos setores que compõem a personalidade. Fundamentalmente, temos os quadros afetivos (hebefrênicos), os conativos (catatônicos) e os intelectuais (paranoides e confusionais) – estes comportando dois coloridos distintos: o delirante e o confusional. Visando estabelecer a possível correlação genética entre determinado tipo sanguíneo com a patogênese de determinado quadro clínico foi verificado a tipagem sanguínea de 210 esquizofrênicos. Do ponto de vista da patogênese dos sintomas haviam 148 pacientes com quadro intelectual – 117 com quadro delirante e 31 com quadro confusional -, 57 pacientes com quadro conativo e apenas 5 com quadro de patogênese afetiva. Quanto à frequência por tipo sanguíneo objetivemos: 103 do tipo O, 77 do tipo A, 25 do tipo B e 5 do tipo AB. Essa distribuição correspondeu ao que seria esperado, não havendo desvio significativo. No entanto, a distribuição do tipo de sangue por quadro clínico (quadro 1) revelou o seguinte: nos pacientes com quadro conativo houve desvio com relação do tipo A (17 obtidos para 25 esperados), tipo B (4 obtidos para 7 esperados) e tipo O (34 obtidos para 26 esperados); nos pacientes com quadro confusional houve desvio com relação ao tipo O (9 obtidos para 14 esperados) e tipo B (7 obtidos para 4 esperados). Os dados obtidos sugerem correlação genética entre o tipo sanguíneo O em quadros catatônicos e tipo sanguíneo B e quadros confusionais esquizofrênicos.

¹Trabalho apresentado na 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência -SBPC -, Campinas, São Paulo, julho de 1982