Gehirnpathologie

PATOLOGIA CEREBRAL
KARL KLEIST


Comissão do CEPAS1


Apresentação

Essa monumental obra de Karl Kleist foi publicada em 1934 pela Von Johann Ambrosíus Barth, de Leipzig. O trabalho foi baseado no acompanhamento sistemático de centenas de pacientes feridos a bala na Primeira Guerra Mundial, cujos déficits funcionais foram descritos detalhadamente durante o monitoramento do processo evolutivo de cada paciente: posteriormente, por meio da autópsia cerebral, ele documentou a lesão e foi, assim, capaz de localizar a função cerebral em cada caso, fazendo isso também com base na citoarquitetonia. Estabeleceu, dessa forma, uma primeira aproximação do mapeamento das funções corticais. Pelo fato desse conhecimento estar fundamentado no estudo sistemático de casos e no transcorrer de 17 anos de observação, não concordamos com a caracterização de “mitologia cerebral” dada, por Percival Bailey, a essa construção.

Segundo informação colhida, essa única edição foi queimada pelos nazistas restando apenas um volume na Biblioteca de Nova York, além de três volumes doados por Kleist ao psiquiatra brasileiro Aníbal Silveira. Desses três exemplares, um se encontra na Sala Aníbal Silveira do IPQHCFMUSP; o exemplar doado para a Biblioteca do Hospital Psiquiátrico Juqueri se queimou no incêndio que atingiu as suas dependências em 2005 e não se conhece o paradeiro do exemplar doado por Aníbal Silveira ao psiquiatra Noêmio Weniger.
Kleist tinha uma postura crítica das políticas de eugenia e eutanásia implementadas pelo nazismo. Inclusive, em suas publicações desse período, no campo da clínica psiquiátrica, elaboradas com Karl Leonhard, redefiniu a caracterização da esquizofrenia para minimizar ou evitar seu uso como pretexto para a eutanásia. Também tinha uma postura de resistência ao anti-semitismo: prosseguiu atendendo pacientes judeus e a contratar e trabalhar com colegas judeus. Como Diretor da Clínica Neuropsiquiátrica de Frankfurt tinha sob a sua responsabilidade a inspeção dos hospícios de Hesse-Nassau e Rheingau. Após a ascensão dos nazistas ao poder ele foi impedido dessa função de 1934 a 1938. Em 1938 foi autorizado a fazer uma fiscalização. Ele ficou chocado com as condições indignas dos pacientes e expressou suas objeções em um relatório. Essas não foram bem recebidas, e ele foi proibido de visitar qualquer asilo até o final da era nazista.
O livro Gehirnpathologie, que foi doado pela família de Aníbal Silveira, foi digitalizado e agora disponibilizamos nesta Seção. O original encontra-se na Sala Aníbal Silveira da Biblioteca do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Devido à sua dimensão, com mais de 1.400 páginas, foi necessário desmembrar o arquivo digitalizado do Gehirnpathologie em 3 partes: Parte 1 (1-643), Parte 2 (643-970), Parte 3 (970-1.411).


BRAIN PATHOLOGY
KARL KLEIST

CEPAS Commission2


Presentation

This monumental work by Karl Kleist was published in 1934 by Von Johann Ambrosíus Barth of Leipzig. The work was based on the systematic follow-up of several hundred patients wounded by bullets in the First World War, whose functional deficits were described in detail during their lifetime: subsequently, by means of brain autopsy, he documented the injury and was thus able to locate the brain function in each case, doing so also on the basis of cytoarchitectonic. In this way, it established a first approximation of the mapping of cortical functions. Because this knowledge is based on the systematic study of cases and on the course of 17 years of observation, we do not agree with the characterization of "brain mythology" given by Percival Bailey to this construction.

According to information gathered, this single edition was burned by the Nazis, leaving only one volume in the New York Library, in addition to three volumes donated by Kleist to the brazilian psychiatrist Aníbal Silveira. Of these three copies, one is in the Aníbal Silveira Room of the IPQHCFMUSP; the copy donated to the Library of the Juqueri Psychiatric Hospital was burned in the fire that hit its premises in 2005 and the whereabouts of the copy donated by Aníbal Silveira to psychiatrist Noêmio Weniger are not known.
Kleist was critical of the eugenics and euthanasia policies implemented by the Nazis. In fact, in his publications of this period, in the field of clinical psychiatry, elaborated with Karl Leonhard, he redefined the characterization of schizophrenia in order to minimize or avoid its use as a pretext for euthanasia. He also had a stance of resistance to anti-Semitism: he continued to see Jewish patients and to hire and work with Jewish colleagues. As Director of the Frankfurt Neuropsychiatric Clinic, he was responsible for the inspection of the Hospices of Hesse-Nassau and Rheingau. After the rise of the Nazis to power, he was barred from this role from 1934 to 1938. In 1938 he was authorized to carry out an inspection. He was shocked by the undignified conditions of the patients and voiced his objections in a report. These were not well received, and he was forbidden to visit any asylum until the end of the Nazi era.
The Gehirnpathologie book, which was donated by Aníbal Silveira’s family, was digitalized and we make it available below. The original book is in the Aníbal Silveira Room of the Library of the Institute of Psychiatry of the Hospital das Clínicas of the Faculty of Medicine of the University of São Paulo (FMUSP).
Due to its size, with more than 1,000 pages, it was necessary to break up the digitized archive of the Gehirnpathologie into 3 parts: Part 1 (1-643), Part 2 (643-970), Part 3 (970-1.411).

  1. Carlos Eduardo Brandão, Flávio Vivacqua, Francisco Drumond Marcondes de Moura, Paulo Palladini, Roberto Fasano Neto ↩︎
  2.  Carlos Eduardo Brandão, Flávio Vivacqua, Francisco Drumond Marcondes de Moura, Paulo Palladini, Roberto Fasano Neto ↩︎