IMPORTÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO CRITÉRIO GENÉTICO EM PSIQUIATRIA. REVISÃO DE 35 CASOS COM DIAGNÓSTICO DE ESQUIZOFRENIA

IMPORTÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO CRITÉRIO GENÉTICO EM PSIQUIATRIA. REVISÃO DE 35 CASOS COM DIAGNÓSTICO DE ESQUIZOFRENIA1

Francisco Drumond Marcondes de Moura
Hospital Psiquiátrico de Juqueri, Franco da Rocha, SP

O conceito de esquizofrenia, segundo Bleuler, envolve a noção de dissociação psíquica, que por sua extensão, abrange desde os quadros típicos de Demência Precoce, sistematizados por Kraepelin, como aqueles passíveis de remissão integral. Na doutrina de Kleist, por esquizofrenia, se subentende um conjunto de condições mórbidas endógenas e de caráter progressivo: sempre levam à demência. Kleist empregou no estudo desse grupo mórbido o mesmo critério de seu mestre Wernicke – a caracterização dos dinamismos patogênicos envolvidos na configuração geral e particular de cada quadro clínico. Assim, isolou 26 formas de esquizofrenia. Por outro lado, utilizando o mesmo critério, distinguiu clinicamente um grupo de psicoses fenomenologicamente semelhantes à esquizofrenia, mas de caráter benigno. Na ocasião, por sugestão de Schröder, denominou genericamente esse grupo de Psicose Degenerativa. Em 1959, Aníbal Silveira criou o termo Psicose Diatética para caracterizá-lo. Fundamentados nessa doutrina estudamos 35 pacientes que tinham o diagnóstico de esquizofrenia, dentre 200 admitidos em hospital psiquiátrico de agudos, no período de 22/05/78 a 11/07/78. Verificamos que em 18 tratava-se de psicose diatética, que tiveram remissão total do quadro psicótico após 65 dias de internação, em média. Em 9 casos confirmou-se o diagnóstico de esquizofrenia. Em 8 casos, por fatores circunstanciais, não se firmou um diagnóstico. É interessante assinalar, que dentre as psicoses diatéticas predominaram as do grupo paranóide, com 16 casos. Outros 2, eram formas do grupo ciclóide. O diagnóstico de “esquizofrenia paranóide” existia, originariamente, em 27 casos. 

  1. rabalho apresentado na 32ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência -SBPC -, julho de 1980. ↩︎