Importância epidemiológica do critério genético em Psiquiatria. Revisão de 9 casos com diagnóstico de Psicose Maníaco-Depressiva¹.
Francisco Drumond Marcondes de Moura,
Marco Marcondes de Moura
Departamento de Psiquiatria, Faculdade de Medicina de Jundiaí
A participação genética na configuração dos quadros clínicos se traduz pela alteração funcional de determinados setores da personalidade. Por sua vez, essa alteração intrínseca devido à dinâmica existente entre esses vários setores, acarreta outras como repercussão. Para avaliar, na clínica, qual o dinamismo fundamental envolvido neste conjunto de alterações, é necessário recorrer ao critério da patogênese. Apenas a descrição é insuficiente, como evidenciam os dados que passamos a apresentar. De um total de 612 pacientes, admitidos em hospital psiquiátrico de agudos, no período de 22/5/78 a 22/11/78, 9 tiveram o diagnóstico de Psicose Maníaco-Depressiva. Em todos os casos foi utilizado, inicialmente, o critério descritivo para o diagnóstico. Uma investigação clínica posterior, a partir do critério patogenético, exigiu a alteração do diagnóstico em todos os casos. Assim, dentre os 9, 6 eram de psicose endógena benigna – Psicose Diatética de Kleist -, e 3, de psicose endógena progressiva – esquizofrenia, na acepção de Kleist. Em 7 casos, a excitação psíquica, a liberação do trabalho mental e da ação explícita existiam como elementos relevantes do quadro clínico e, em 2 casos, sintomas do polo oposto predominavam: inibição psíquica, falência da vida de relação ativa e intelectual. Esses dois aspectos foram confundidos, devido à similaridade fenomenológica com os estados de euforia e depressão, respectivamente, levando ao erro diagnóstico. Entre os 6 casos de Psicose Diatética encontramos: 2 de Psicose da Motilidade, fase acinética; 2 de Psicose da Motilidade, fase hipercinética; 1 caso de Psicose de Inspiração Aguda e 1 caso de Alucinose Aguda. As duas primeiras formas fazem parte das Psicoses diatéticas do grupo Ciclóide de Kleist, as duas últimas constituem formas diatéticas do grupo Paranóide de Kleist. Os 3 casos de esquizofrenia eram formas progressivas do grupo Paranóide de Kleist.
¹Trabalho apresentado na 31ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência -SBPC -, Fortaleza, Ceará, julho de 1979.