Citar Rüdin é uma situação muito controversa já que este geneticista e psiquiatra foi filiado ao partido nazista e também responsável, não diretamente, mas ideologicamente pelas políticas do Comitê de Especialistas em Questões de População e Política Racial sob o ministro do Interior do Reich, Wilhelm Frick. As ideias do comitê foram usadas como base científica para justificar a política racial da Alemanha nazista e sua “Lei para Prevenção de Filhos com Doenças Hereditárias” que foi aprovada pelo governo alemão em 1. ° de janeiro de 1934. Rüdin era um defensor tão ávido que seus colegas o apelidaram de “Reichsführer para esterilização”. Essas conexões de Rüdin com os nazistas foram uma das principais razões para as críticas à genética psiquiátrica na Alemanha depois de 1945. Há muitos que afirmam que Rüden não era tanto um nazista fanático, quanto um geneticista fanático. Ele dirigiu, após a morte de Kraepelin a direção de todo seu instituto, que logo ganhou reputação internacional como o principal centro de pesquisa psiquiátrica, inclusive em genética hereditária. Isto, na Suiça, na Universidade de Basileia. Em 1928, com um orçamento expandido e com um novo prédio, retorna ao Instituto, financiado principalmente pela American Rockefeller Foundation. O Instituto logo ganhou reputação internacional como o principal centro de pesquisa psiquiátrica, inclusive em genética hereditáraia. A American Rockefeller Foudation financiou vários pesquisadores internacionais para visitar e trabalhar no departamento de genética psiquiátrica de Rüdin, até mesmo em 1939. Entre eles estava Eliot Slater e Erik Stromgren, reconhecidos como os pais fundadores da genética psiquiátrica na Grã-Bretanha e na Escandinávia, bem como Franz Josef Kallmann, que se tornou uma figura importante na pesquisa de gêmeos nos Estados Unidos depois de emigrar em 1936. Aqueles que escreveram sobre a genética psiquiátrica alemã no período nazista, mas não mencionam Rüdin ou o colocam sob uma luz favorável, reconhecem que Rüdin ajudou promover a esterilização eugênica e pode ter trabalhado com os nazistas, mas geralmente pintam um quadro positivo da pesquisa genética de Rüdin e, evitam mencionar sua participação no programa de matança de “eutanásia” e há aqueles que escreveram que Rüdin cometeu e apoiou atos de indescritíveis atrocidades. Sem querer em momento algum justificar as suas posições políticas e opções eticamente criticáveis, julgamos importante também reconhecer as contribuições que sempre deverão ser avaliadas com visão muito crítica e expurgadas de concepções ideológicas. Aliás, em 1945, Rüdin perdeu a cidadania suíça, que mantinha em conjunto com a alemão desde 1912 e dois meses depois foi colocado em prisão domiciliar pelo Governo Militar de Munique. No entanto, emigrado nos Estados Unidos, ele foi libertado em 1947 após um julgamento de “desnazificação”, onde foi apoiado pelo ex-colega Kallmann (ele próprio um eugenista) e pelo famoso físico quântico Max Planck. Sua única punição foi uma multa de 500 R.M. A história é sempre contada pelos vencedores e a verdade nunca é preto no branco.